quarta-feira, 1 de setembro de 2010


Ufanou-se logo em primeira instância

Como arrostar-me diante de tua jactância?

Forjei a tua imagem pra diminuir a distância

Sorvi a tua carne, e depois a cuspi em ânsia.

24 de janeiro de 2010.

quarta-feira, 26 de maio de 2010

Ausência



Desde quando você foi embora

A maior presença na minha
Vida é a tua ausência...
E todos os dias em que
A dor me pega pela mão
Eu as uno em clemência

Rogo para que toda a dor
Que causa a tua partida,
Se cure, se feche e com amor
Não derrame mais sangue em minha ferida.

Vivo contigo uma vida imaginária
Onde crio diálogos e cenas de amantes.
Vivo contigo uma vida ordinária
Onde revivo as cenas e os diálogos de antes.

Foge do meu controle os pensamentos saudosos,
Que quando dou por mim estão sendo ardilosos.
Morro de vergonha e quero me matar,
Quero destruir a face rubra por ainda te lembrar.

21 de março de 2009.

(Poema publicado no site
http://www.portaltx.com.br/?modulo=Noticia&id=823)

terça-feira, 30 de março de 2010

Tortas Palavras


Tela: Francis Bacon

Enquanto eu escrevia
Aquelas tortas palavras
Que eu sentia com exatidão

Eu olhava a tua fotografia
Onde teus traços desmoronavam
E teu semblante era todo escuridão

E só olhar a tua imagem
Que meu estômago me trai
Vem de dentro a dor que corrói
Do ventre ao pescoço e a cabeça cai.

Arrepio-me com tua ausência
Arranco as flores do vaso
Busco a Deus e peço clemência
Depois cuspo em teu retrato.

25 de julho de 2009

Tortura

A inquietude com que teus olhos calmos fitam-me
Aquecem as paredes das mucosas dos meus tecidos
E todo o sangue corrente nas veias
Desliza fazendo cócegas em minh’alma

Chega dessa tortura!
Que se extende e perdura
Que você explode e depois...
Estranhamente sutura.

segunda-feira, 1 de março de 2010

Verdes Braços


Fotografia: Fabrício Pimentel
.
Envolva-me em teus vivos braços
Eu suplico que me devolva à vida
Abraça-me, cubra-me,
E devora-me com lascívia;

Toque com teus verdes braços a minha pele morta,
Abrace o perfume da morte que rodeia a minha alma seca,
E sinta pelas palmas da mão a delicadeza áspera da vida indo embora;

Não, não é chegada a hora!
Não a deixe ir...
Abraça-me sempre assim, como agora,
E teremos como a morte impedir;

Verdeja-me com teu amor para não morrermos
Para não sermos aniquilados na relva,
Banha-me de tua cor viva de esperança
Que vivos e amantes seremos donos desta selva.


26 de janeiro de 2010.